Sobre aliados, agressores e orgulho

Que pessoas de periferia, que pessoas negras, que mulheres, pessoas LGBTTQIA+ são tão capazes como qualquer outro indivíduo, isso é mais que óbvio.

O quê muitos evidenciam, atualmente, e outros consideram "MiMiMi", são situações onde ocorre discriminação, intolerância e abuso, por parte daqueles que, hegemonicamente, sempre tiveram privilégios, benefícios, e que de maneira direta ou indireta, sempre tiveram o poder de fala e ação, em detrimento dos demais.

A influência que essa parte da sociedade humana exerce sobre os demais é tão forte, que mesmo subjugados por essas convenções macabras, numa tentativa de consolar-se de sua situação, abrem mão da luta, e criam uma justificativa que demonstre que estão nessa situação pq querem, e que se quiserem sair dela terá de ser por conta própria.

Essa síndrome de Estocolmo é meio que uma resistência do ego do indivíduo em assumir que é vítima.

Essa é mais uma questão, muito importante a se evidenciar! Outro efeito resultante dessa influência das forças hegemônicas no poder, é o sentimento de vergonha por se perceber na situação de vítima. Se disseminou a ideia de que fazer reivindicações decorrentes de danos históricos é algo errado. Da qual se deva sentir vergonha! E o pior é que essa estratégia deu certo para quem está no poder.

Conseguiram dessa forma, criar aliados dentro dos próprios círculos de indivíduos, dos quais são algozes. Contudo, esses aliados não são somente indivíduos que sentem vergonha de se colocar na situação de vítima, que lhes é de direito, perante tantos dano causados. Esse é o aliado, que não sabe que é aliado. Temos também o aliado que contribui conscientemente para a manutenção dessa estrutura de poder. Isso porque estes preferem, mesmo que sendo usados pelos verdadeiros donos do poder, mesmo que por tempo limitado, fazer parte dessa estrutura, e se beneficiar dela! Ainda que para isso tenham que operar na mesma mecânica...mesmo que tenham que reproduzir a conduta de seus algozes, contra os seus semelhantes.

É importante saber distinguir esses dois tipos de aliados.

Contudo, mais importante ainda é afirmar o orgulho da trajetória da qual se faz parte. Não ter vergonha dela! E tendo orgulho, abraçar a certeza de que pelo que se luta é o que lhe é de direito. Direito àquilo que lhe foi negado historicamente! Pois aqueles que estão no poder, só lá permanecem porque gozam dos privilégios que foram construídos em cima do prejuízo causado a outros indivíduos. E apontar isso, não é se vitimizar, é apenas mostrar quem é o agressor. E da justiça cobrar que sejam ressarcidos os danos causados por ele!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em busca da canção perdida

Sobre ódio/raiva, utilidade e escolhas.