A aliança perversa

Será que essa onda de oprimidos legitimando atos opressores, como no caso de deputado negro contra cotas, ou de trabalhador que apoia medidas que beneficiam somente o empresário, ou de mulher que valida discurso machista do patrão, ou de gay homofóbico que ganha biscoito dos preconceituosos fundamentalistas religiosos, não se trata de uma espécie de Síndrome de Estocolmo?

Será que esses ai, não chegaram num estado tão instável psicologicamente, que já não conseguem discernir entre aquilo que parece não os afetar por conveniência de quem está em posição socialmente superior? Ou será que, para não perder a posição, aparentemente vantajosa, na qual se encontram, sustentam uma falsa crença de que a perseguição que sofrem pessoas de seu grupo social, não lhes afetam?

Pode ser também, que depois de serem submetidos a tantas humilhações, intimidações e julgamentos preconceituosos, vêem-se no papel de vitimados por um sistema opressor, como um insulto a sua pessoa, causando uma revolta por serem colocados nesse papel. Contudo, ao invés de direcionarem essa repulsa ao seus algozes, eles culpam os seus pares por (em sua percepção distorcida!), "aceitarem" estar numa posição que consideram mais humilhante do que o sofrimento que lhes é imposto por seus opressores.

Dai vem a necessidade de compartilhar dos mesmos valores que aqueles, que ao longo da história foram responsáveis por condenar a todo tipo de degradação, pessoas que não se encaixam nos padrões socialmente estabelecidos.

Dentro dos cenários aqui relatados, podemos chegar a conclusão evidente, de como esse sistema opressor é poderoso. Pois ele consegue colocar iguais em lados opostos! E ainda faz com que, parte dos indivíduos que querem suprimir, se tornem seus aliados nessa mecânica perversa que move a vida em sociedade.

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