Pedaços de mim, construídos no passado, e que se desvelam eventualmente

Não vou falar muito sobre esse filme fuckintastic!!! Ele fala por si mesmo. Mesmo pq, não gosto de dar spoillers!!! Rs

Na verdade, vou falar sobre a sensação que tive ao assistí-lo.

Um dos personagens me fez pensar sobre a minha trajetória nessa goddamn life.

Eu sempre vi muitas coisas acontecendo ao meu redor. Na maior parte das vezes, eu não entendia nada do que estava acontecendo (acho que eu sempre tive uma mentalidade ingênua! Rs).

Mas com o passar do tempo, a vida foi transformando essa minha mentalidade de ingênua à curiosa, e de curiosa à revoltada. E nisso eu acabei assumindo uma postura passivo-agressiva, que quem convivia próximo a mim não suportava.

Hoje em dia, eu tenho uma postura mais equilibrada, do que na época em que era jovem. E essa foi uma época muito complicada para mim, pois na juventude dos meus 13 anos, eu tinha que lidar com o fato de ser homossexual, e só saber isso, exatamente 13 anos depois de todos que estavam ao meu redor.

Uma vez, entendendo todas as coisas que antes eu não entendia, eu comecei a rejeitá-las. Foi quando conheci o ROCK (o estilo musical, mesmo!!! Rs). A primeira banda que lembro ter me chamado a atenção, foi do Marilyn Manson. Então, já comecei bem!!!

Isso foi em 1998, logo no lançamento do Mechanical Animals, quando eu estava com 14 anos. Me lembro de ver o clipe de "The Dope Show", na MTV, e dizer a mim: " Shit! É essa atitude que preciso ter na vida."

Atitude subversiva. Uma conduta que refletisse o que eu sentia sobre tudo que me consumia.

Me lembro do trabalho que eu dava...das coisas que passavam na minha mente...e das coisas que eu fazia, sempre quando estava acompanhado. Pq sozinho, eu era indiferente a minha própria existência. É como se eu fosse apenas um aparelho que só funcionasse manuseado por alguém.

Numa dessas, lembro de um diálogo que sucedeu enquanto eu estava meio sonolento das noites de zuação na rua, que se deu mais ou menos assim: " - Oferece para ele também!" / "Se tá loko? Se ele já é assim normal, imagina com isso".

E, realmente, nunca me passou pela cabeça fazer uso de qualquer tipo de coisa que alterasse minha percepção do mundo. Pq, muito antes de tudo isso acontecer, eu já tinha decidido que se eu tivesse que viver essa vida, seria absorvendo cada momento, bom ou ruim, por pior ou melhor que fosse.

Eu sempre fui intenso. Até mais do que eu gostaria! Até o dia em que conheci o amor da minha vida.

Ele era bem mais intenso que eu. Ele lutou por mim, comigo e contra mim! Em nossos últimos dias juntos, eu decidi que ia afastar de mim tudo que não estivesse me fazendo bem, inclusive aquele relacionamento destrutivo.

Esse foi um marco para mim. Daí por diante, passei a buscar uma visão diferente de mundo. E, elemento por elemento, eu fui me montando de uma nova maneira. Contudo, no final das contas toda a bagunça que apenas foi se acumulando com o tempo, sempre esteve ali! Pairando, enquanto eu sustentava a minha postura reservada.

Atualmente, eu sou mais aberto, como já deu para notar. Não tenho problema em conversar sobre nenhum assunto. Falo da minha vida, sem esboçar sentimentos de orgulho ou vergonha.

E pq eu estou contanto tudo isso? Pq muitas das pessoas que convivem comigo hoje, cuja maioria tenho contato por meio das redes sociais, não sabem dessas coisas.

Por conta dos tempos em que vivemos, não existe muita oportunidade para se conhecer uma pessoa de verdade. E no filme esse assunto é abordado. Tanto no de 1996, como no de 2017!

Então, muitas vezes, se eu ajo de uma forma que pode surpreender, é devido a esses pedaços de mim, construídos no passado, e que se desvelam eventualmente.

"Hoje em dia, relacionamentos são meras informações transformadas em entretenimento"

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em busca da canção perdida

Sobre ódio/raiva, utilidade e escolhas.