Sobre gêneros musicais e racismo


O texto que posto a seguir, não é uma tradução do texto da imagem, que está em espanhol. Na verdade, se trata de uma adaptação para a nossa realidade. Lógico, que aqui a questão é bem mais complexa, contudo esse é apenas um pensamento inicial para que possamos debater mais a fundo, outras questões ligadas a essa realidade:
Não sejamos hipócritas! A repugnância que alguns sentem pelo funk não tem nada haver com seu conteúdo machista, misógino e coisificador. Porque se a questão fosse essa, então pq nunca se viu movimentos contra tantos outros gêneros musicais como o rock e o sertanejo, que se encontram num contexto normativamente de branquitude elitizada. Contudo, ao invés disso se tomam esses gêneros como mais culturamente valorizados. E por isso, aceitáveis!

Será então, que a questão não são os corpos femininos livres para exercerem sua sexualidade sem se importarem com a opinião pública? Sim. Pq o que se vê expresso com indignação é o fato de que no funk se rebola a bunda vestindo pouca roupa.

Então será que esse repúdio ao funk, essa música sem letras intelectualizadas, mas que justamente por isso agrada a população mais humilde, semi-escolarizada, não está envolta numa camada de racismo e classismo?

É perfeitamente compreensível que nem todo o gênero musical seja de agrado a todos. Contudo, converter esse desagrado em um discurso que alimenta preconceitos raciais e de classe, que justifica a exclusão social e normatiza a desigualdade...é algo absurdo, e que ultrapassa qualquer noção de liberdade de expressão, ou "opinião".


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em busca da canção perdida

Sobre ódio/raiva, utilidade e escolhas.