Reflexão sobre a doutrina religiosa - Processo para me reconhecer como ateu

Sabe, estava pensando sobre o motivo pelo qual ando tão revoltado quando o assunto é religião. Então, parei para refletir sobre como a religião se manifestou na minha vida.
Desde pequeno sempre ouvi falar sobre uma força maior, que criou o Universo e tudo que nele há. Não entendia como, mas pensava que se tinha conseguido fazer tudo em 6 dias, é pq era uma força muito poderosa mesmo, e era melhor não contestá-la, pois se conseguiu criar um Universo em 6 dias, poderia muito bem me destruir em segundos!!!
Dentro do contexto no qual eu conheci essa força, que era chamada de "Deus", imaginei que ele fosse absoluto!!! Mas quando li o documento histórico que atestava sua existência, encontrei várias contradições. Como esse fato originou muitas dúvidas na minha mente, questionei aqueles que eram os detentores dos ensinamentos contidos no documento histórico chamado de Bíblia. Dentre o que foi me dito, ouvi coisas como: "Deus age misteriosamente", "as coisas acontecem de acordo com a vontade de Deus", "Deus é onipotente! Não deve ser questionado." - como assim? Deus não pode ser questionado? Isso foi o ponto de partida para que eu começasse a questionar essas crenças.
Descobri que não eram somente os "detentores dos ensinamentos" a cerca de Deus, conhecidos como padres, que eram responsáveis por transmitir a "sabedoria divina".
Conheci, então o budismo! Aprendi que essa força criadora, essa força maior, onipotente, tinha outro significado. E que para chegar até ela, não era muito complicado. Aprendi que para criar uma conexão com essa força, bastava meditar. Contudo, apesar da meditação, com o passar do tempo, não sentia que tivesse ocorrido algum vínculo que propiciasse uma experiência espiritual definitiva.
Frustrado mais uma vez, eu me culpava por não conseguir estabelecer uma conexão com essa divindade, que é importante na vida de tanta gente, e com o qual me diziam que não se poderia ser feliz sem tê-la. Sendo assim, como aprendi que os livros ensinavam todo o tipo de coisas, imaginei que não havia apenas um livro contendo os ensinamentos de Deus, foi aí que conheci a Torá.
Quando comecei a ler a Torá, e conhecer mais sobre a cultura que abrangia os ensinamentos contidos nesse documentos histórico, mais eu contestava o sentido que tudo aquilo tinha. Toda uma forma de preparar alimentos, de modo específico, somente para agradar a Deus. O jeito e o tipo de roupa com o qual se veste. O modo de se portar...tudo, somente para satisfazer a vontade de Deus.
Depois de tudo isso, convergi para a grande contradição de todos esses ensinamentos: se Deus nos deu o livre arbítrio, pq temos que viver nossas vida de um modo que agrade a ele. Estamos aqui somente para servir aos seus propósitos?
Mesmo após isso, me neguei a acreditar que tudo que eu aprendi sobre Deus, durante tanto tempo fossem apenas mentiras. Então comecei a idealizar Deus. Comecei a crer que, se existia um Deus (pois na minha mente condicionada, tinha que existir um!!!), ele tinha que ser bom, amoroso e compreensivo. Mas ainda assim, isso não aplacou minha pertubação quanto a necessidade de existir um Deus, que mesmo sendo bom, amoroso e compreensivo, nada fazia para acabar com o mal, o ódio e a ignorância!
Essa pertubação que vinha me incomodando a muito tempo, só aumentou. Consequentemente, isso me fez querer buscar mais respostas para acabar com essa confusão que permeava minha mente. Foi ai que conheci o ateísmo, e estudiosos como Stephen Hawking, Sam Harris, Richard Dawkins, Christopher Hitchens, e os humoristas ateus George Carlin, Pat Condell e, o melhor de todos Bill Maher. Depois de parar para analisar o discurso de todos eles, finalmente compreendi que para existir nesse mundo, eu não precisa crer numa força maior e, definitivamente, eu entendi que não preciso de Deus e nem de Jesus, para ser feliz. Compreendi que todas as estórias que ouvi sobre Deus, anjos, santos e Jesus (ou o Diabo, demônios e espíritos malignos!!!), não eram diferentes dos contos de fada, das fábula e da mitologia que existe para explicar, algumas das poucas coisas, que a ciência AINDA não consegue esclarecer.
Então, minha revolta se deve ao fato de ter nascido num mundo onde as pessoas enchem nossa cabeça com crenças que nem tivemos a oportunidade de escolher como nossas. Nem mesmo aprendemos sobre o básico da convivência em sociedade, mas somos constantemente doutrinados a acreditar que nossas vidas são consagradas as divindades.
O pior de tudo é quando você percebe que essa crença só serviu para atrofiar sua capacidade de pensar por sí, pois os dogmas servem para isso. Para ditar como você deve viver sua vida! E para quê? Para você se sentir melhor pq as coisas não vão de acordo com o esperando? Supere! Frustrar-se faz parte do aprendizado. Não consegue lidar com as dificuldade da convivência em sociedade? Acostume-se! Viver num mundo com pluralidade de ideias exige um esforço mínimo para compreender que, nem todos são incapazes de mudar suas realidades para melhor.
Enfim, depois de tanto tempo tendo pesadelo com questões que não deveriam ser tão relevantes à ponto de causar mal-estar, fazendo com que você reprima sua natureza humana, hoje me considero uma pessoa mais feliz sendo ateu. Nenhuma questão desagradável me incomoda mais!!! Visto que hoje tenho melhor discernimento sobre os assuntos que afligem a humanidade, agora consigo distinguir com clareza os valores com os quais devo me importar e consigo lidar, adequadamente com situações, que antes me causavam indignação. Atualmente, posso afirmar que estou num caminho mais satisfatório para me tornar uma pessoa melhor.

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